Preocupante…
O governo espanhol pretende regulamentar a educação familiar das crianças.
Fascismo? se não é, para lá caminha. E a passos largos.
Ocorre-me, a propósito este excelente e provocatório trecho de Alberto Pimenta:
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A escola não é como se supõe, o lugar onde se aprende a fazer, mas o lugar onde se aprende a não fazer; a escola, toda a escola, da mais baixa à mais alta, é o lugar onde se aprende o que se não deve fazer e o que se não deve pensar, o que se não pode fazer e o que se não pode pensar; a escola é desde o início o lugar onde se deixa de fazer, onde se deixa de fazer o que é natural fazer e onde se deixa de pensar o que é natural pensar, essa é a escola; na escola se começa a deixar de fazer e se continua a deixar de fazer e cada vez mais se deixa de fazer, até ao ponto de acabar por nada mais fazer senão o que serve à escola, que é o que não serve à vida, e não fazer o que serve à vida, que é o que serve à escola. A escola, toda a escola é um lugar de omissão de vida, e nisso a escola mais não faz que continuar o lar, o lugar excelso do filho-da-puta que não deixa fazer, porque, como o nascimento é o pior que lhe podia acontecer, o filho-da-puta progenitor começa por anular no descendente as consequência de este ter nascido., começa por impedir que ele faça aquilo que ele naturalmente gostaria de fazer em consequência de ter nascido, procura desde o começo prepará-lo para o sacrificio da vida, incute-lhe ocupações e preocupações, incita-o a ocupar a vida preocupando-se com o modo de viver, leva-o a ocupar-se com uma infinidade de preocupações e a preocupar-se com outra infinidade de ocupações, respeitantes a si mesmo e aos outros, aos outros, aos outros. Assim o filho-da-puta especializado em não deixar fazer vai assistindo ao seu próprio trabalho e sentindo orgulho à medida que o seu filho vai deixando de fazer o que seria natural que fizesse para passar a fazer o que ele, filho-da-puta, faz; vai sentindo orgulho à medida que vê o seu filho transformando-se cada vez mais no seu filho-da-puta, noutro filho-da-puta, num filho-da-puta também. Claro que o novo filho-da-puta nem sempre é idêntico ao filho-da-puta progenitor. Quantas e quantas variedades de filhos-da-puta não oferecem os dois grandes tipos de que estamos falando! O tempo e a paciência que não seriam precisos ao seu estudo e à sua exacta definição! Desde o filho da puta que parece que faz, mas apenas finge que faz, instalado em lugares de direcção ou fardado à porta de edifício públicos e particulares, passando pelo filho-da-puta que finge que deixa fazer, que leva e traz, vai acima e vai abaixo, está bem em todo o lado, mas onde está melhor é no seu lugar, até ao filho da puta que finge que não faz, finge que não observa e não informa mas observa e informa, que imensa e sempre interessante gama de filhos da puta!
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