Archive for Agosto, 2014

31 Ago, 2014

Presença do BES no PCP e noutros partidos políticos

A questão do financiamento de partidos políticos pelo BES tem estado a ser discutida nalguns fora. Especial polémica parece ter causado a existência de créditos do PCP no BES que este partido esclareceu em comunicado. Segue-se a minha opinião sobre o assunto:

  1. É sintomático que os partidos políticos tenham aprovado leis de financiamento que não tenham impedido a existência de dívidas bancárias. Todas as dívidas tem de ser imediatamente clarificadas.
  2. A existência de dívidas bancárias tendo como contraparte subvenções partidárias amplia enormemente a diferença entre pequenos partidos (que têm mais dificuldades em obter créditos) e grandes partidos (que têm muito mais facilidade). Como tal, distorce completamente o jogo democrático, permitindo aos grandes partidos dominar a totalidade do jogo mediático eleitoral. Tem de ser proiibido qualquer endividamento bancário por parte de forças partidárias.
  3. No que respeita à notícia e ao comunicado do PCP, que uso aqui apenas como mero casos de estudo, noto que:
  • O nome da aplicação financeira não é detalhado (seria importante saber em que consistiu exactamente para saber se o PCP estiveram mais ou esteve menos dependentes (mesmo que temporariamente) dos mercados.
  • Fica a ideia de que o PCP poderá ter oferecido subvenções vitalícias futuras como garantias para o crédito obtido. Seria importante clarificar se isto efectivamente se passou porque se trata de uma prática arriscada e de um jogo financeiro com verbas eleitorais por receber.
  • O comunicado deixa em aberto a possibilidade de existirem aplicações financeiras noutros bancos que não a CGD e o BES. Será extremamente importante que o PCP revele quais.
  • Do ponto de vista de transparência ficaria bem ao PCP ter publicado como anexo ao seu comunicado a totalidade da “documentação entregue à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos no âmbito do Tribunal Constitucional”. Os links hoje em dia são fáceis de pôr em qualquer comunicado.

4. A existência de créditos e empréstimos bancários a partidos políticos é extremamente preocupante. Ainda que em democracia sejamos todos “tecnicamente” livres e independentes mesmo quando endividados, a experiência mostra que, de facto, não é assim que funciona. O passado recente mostra que a existência de dívida se pode tornar facilmente um factor de atenuamento de posições políticas e até mesmo de inacção política. E mostra também inumeras pontas soltas, nomeadamente à esquerda, que importa clarificar. Assim é fundamental para a compreensão completa do que se passa actualmente na vida política a publicação de relatórios onde figure um inventário de todas as dívidas bancárias de todos os partidos, sindicatos, confederações patronais, ordens, etc.

  • A título pessoal gostaria especialmente de ter conhecimento da situação de endividamento da CGTP à data imediatamente anterior e posterior do recuo da manifestação da Ponte25 de Abril. Este foi, para mim, um dos principais factos mal explicados do período 2011-2013 e é ainda hoje um dos que mais me importa compreender.

 

24 Ago, 2014

Marques Mendes e as suas mensagens de choque

Que o IVA vai aumentar para 23.25% e que o governo está a preparar novos cortes não é novidade nenhuma: a dívida é impagável e a austeridade é uma verdade para os próximos 30 anos se mantivermos o sistema económico e político tal como está. É natural que isto ameace quem está no governo e o coloque necessariamente a prazo. É por isso que um ex-ministro do PSD anuncia num sábado à noite na TV uma pretensa guerra entre Passos e Portas sobre um aumento do IVA para 24%, uma "opinião" com uma enorme difusão nas televisões e rádios.

É obvio que o governo usa e abusa da doutrina do choque assustando as populações, i.e., lança nas TVs notícias falsas e especulações sobre assuntos gravíssimos com a intenção de chocar e assustar a população por forma a conseguir implementar as medidas que realmente quer – sejam estas ou outras – sem resistência social significativa. Não é assim de surpreender que logo depois surja o desmentido e que a principal marioneta política desde logo se manifeste contra. Não restam dúvidas que já estava (e está) tudo preparado. Esta gente sabe muito bem o que faz, não está na política a brincar, nem brinca com a protecção que tem de dar aos interesses financeiros instalados, dos quais aliás, depende.

Neste turbilhão mediático há que manter a cabeça fresca e sobretudo não colaborar na amplificação do choque, combatendo-o desde logo. Assim,
a) importa não amplificar estas notícias falsas e mensagens no facebook, i.e., não colaborar na estratégia do governo;

b) importa relembrar que a actual dívida é fruto da especulação bancária e que o seu pagamento é executado com recurso a enormes conivências políticas;
c) relembrar que a actual dívida é impagável, como ou sem BES incluido, e que há quem possa (mas não queira!) anulá-la e renegociá-la;

d) lembrar que quem recusa auditar e resolver o problema da dívida o faz porque isso implica mexer com os seus interesses políticos e os interesses financeiros dos seus amigos credores;
e) afirmar que há uma casta que está interessada em salvar-se lucrando. E que essa casta nunca deixará que algo mude. E que essa casta usará sempre todas as técnicas mediáticas que estão à sua disposição no sentido de implementar as medidas que mais lhe convêm;

f) afirmar que há alternativas, e muitas, a esta situação. E que todas elas passam por uma mobilização informada da população no sentido de alterar drasticamente o actual sistema económico (baseado no lucro de curto prazo e na exploração desenfreada de populações humanas e da natureza) e político (que favorece conluios entre políticos e banqueiros e não defende o bem estar e progresso das populações);

g) continuar a promover reuniões e entendimentos entre pessoas por forma a que de uma vez por todas se ponha um fim a isto e se dê à população de portugal aquilo que ela merece: desenvolvimento sustentável, alegria e paz de espirito.

15 Ago, 2014

Viver Telheiras

Em Telheiras (Lisboa) alguns moradores, colectividades, instituições públicas e pequenos-negócios apostaram na criação conjunta de uma rede local que promovesse a vida no bairro e divulgasse as iniciativas que lá existem.

Vale a pena conhecer o projecto:
http://youtu.be/DKO_jF7SG80

site:
http://vivertelheiras.pt/

14 Ago, 2014

Exemplo de Sindicalismo Bancário no caso BES

É caso para perguntar: será que este sindicalista do BES não quer avançar com uma estimativa do redimensionamento que já considerava necessário?

Lê-se hoje no Negócios

"Os outros bancos também estão em [processos de] redimensionamento", sublinhou o sindicalista que considera que antes do resgate e da cisão do BES em dois bancos já "havia uma necessidade de redimensionamento" do agora Novo Banco.

14 Ago, 2014

Duvida existencial deste Agosto

Se Ricardo Salgado é o Dono Disto Tudo mas não tem bens, será que "isto" existe?

08 Ago, 2014

Ela por Ela: Agora somos nós os credores

Se a taxa de juro do empréstimo ao fundo for idêntica à cobrada no empréstimo da troika ficará “ela por ela”? Admitindo a improvável hipótese de que venha mesmo a haver algum lucro para o estado ficaria na realidade “ela por ela”? está tudo doido?

Então e o memorando e os 3 anos de austeridade que vivemos? então e a emigração, o desemprego, a pobreza, as privatizações, os aumentos de propinas e do custo de vida? então e a destruição dos sistemas públicos de ensino, saúde e segurança social? então e o fecho dos tribunais e as portagens nas autoestradas? então e os cortes nos salários e nas pensões? então e os despedimentos e os aumentos dos horários de trabalho? então e tudo o resto a que assistimos nestes últimos 3 anos e que ACRESCEU À TAXA de JURO que nos foi cobrada pela troika? está tudo doido?

Onde está o MEMORANDO entre NÓS e os BANCOS que deveria haver neste empréstimo? onde estão as suas metas trimestrais e implacáveis? onde estão as auditorias e revisões acrescidas a cada deslizar de metas de desmantelamento do endividamento do sistema bancário e financeiro? onde está a austeridade a aplicar à banca por ter vivido acima das suas possibilidades (e querer continuar a fazê-lo)? porque não se fala dos empréstimos que permitiram comprar iates como se falou dos que permitiram comprar casas?

Se há salvamento do sistema financeiro, tem de haver MEMORANDO! Agora somos nós os credores.

 

 

07 Ago, 2014

Redes sociais: de Gaza às mobilizações europeias

Interessante artigo, merecedor de reflexão tanto no contexto do drama palestiniano como no contexto das mobilizações nacionais e europeias.